sábado, 15 de dezembro de 2018

O regresso


Aqui a sintonia vermelha volta à emissão. Após anos de inactividade, volta novamente porque o Benfica precisa.

Nestes últimos anos passou muita água debaixo da ponte e é de referir que temos muito trabalho pela frente.

Deixem-me dizer que há muita coisa para falar, muita coisa a decidir e sobretudo no que toca ao futuro do Benfica.

O maior problema do Benfica é não ser livre: vive amarrado. Ainda continua a pagar pelos devaneios do passado que continuam a atormentar o clube. Não há inocentes nesta história. Nisso falar-se-á nos próximos capítulos.

terça-feira, 25 de março de 2014

Os males que nos afectam



Os males que afectam o Benfica já há algum ou até há muito tempo tiveram de ser diagnosticados para perceber o que deve ser corrigido e o que deve ser mantido (sim porque apesar de tudo, nem tudo é mau).

Olhando para a história e para os números e só apenas para nós e da memória que eu tenho, deu para perceber o que está errado e o que precisa de mudar: deve-se olhar para o nosso passado de duas formas. Uma, a nostalgica a recordar grandes alegrias e a outra, a observadora, a crítica, para procurar os erros que se cometeram e não se podem repetir porque quem esquece os erros do passado, está destinado a comete-los no futuro.


- Disciplina

No que toca a este tema, o clube ainda está anos luz daquilo que é desejável: não é que os outros sejam melhores mas no Benfica, os casos são sobejamente conhecidos. O empurrão do Cardozo ao treinador, a novela Enzo Perez, o próprio Jorge Jesus em mais do que um episódio e sobretudo tudo o que passou no inicio desta época é uma lembrança constante da indisciplina que afecta o clube: não é uma questão de aparência ou até mesmo de respeito pela instituição e seus sócios e adeptos. È sobretudo uma questão de eficiência: Quando existem regras rígidas, uma hierarquia, uma estrutura de comando, cada um sabe o seu papel e muito provavelmente irá desempenhar com mais eficiência o papel que lhe foi atribuído porque se sabe por linhas de cose…No Benfica, não é essa a percepção que tenho: porque o Jesus gosta de armar-se em manager à inglesa quando ele próprio tem limitações como treinador e às vezes faz o que não deve, porque o Luisão mandou à merda os adeptos, porque os jogadores fizeram birrinha no início da época para ver se o treinador era despachado… isto só esta época e não tenho que falar em épocas anteriores ou é preciso continuar?

- Continuidade

Um dos processos fundamentais do Benfica demolidor da década de 60 foi a continuidade. Não digo estabilidade, mas sim continuidade: qualquer jogador da primeira equipa daquela época fazia entre 5 a 10 épocas no clube: Coluna, Eusébio, Simões, Águas, Torres entre outros. Era importante sobretudo pela forma como novos jogadores eram encaminhados, a serem integrados pelos jogadores mais velhos. Havia uma cadeia de interacções que revelava interacção, integração, comando. Era assim que passava a chamada mística. Águas e Coluna passavam a Eusébio e Simões que por sua vez passavam a Toni e Humberto Coelho que por sua vez passaram a outros. Nos dias de hoje? Só para se ter uma noção, da ultima equipa campeã, actualmente restam Luisão, Maxi Pereira, Ruben Amorim, Carlos Martins e Urreta e desses os dois últimos andam perdidos na equipa B e Ruben Amorim regressou após um período de exílio de 2 anos. Apenas num período de 4 anos, apenas restam 3 jogadores que frequentemente jogam na equipa principal.

E já sei o que estão a pensar… Actualmente, com os diversos tubarões europeus entre os quais, os novos-ricos (Manchester City, Chelsea, PSG, entre os principais) ou até mesmo outros clubes que estão em campeonatos que oferecerem melhores condições económicas o que torna muito difícil executar a desejada continuidade.

Daí eu defender que a continuidade aposta-se, dentro do possível nos defesas: por norma, os defesas são sempre mais discretos , médios e avançados serão sempre mais cobiçados, para além da velha máxima do futebol em que ataques ganham jogos mas defesas ganham campeonatos. E como por norma, os ordenados de defesas são inferiores a avançados e médios, então torna-se mais fácil segurar esses jogadores mesmo que a longo prazo, implique que sejam dos jogadores melhor pagos do plantel.


- Politica de contratações

“Milhões para o ataque, tostões para a defesa” – Nenhum, repito, nenhum pode almejar vencer de forma sistemática se não tiver uma defesa sólida. Temos uma defesa sólida? Não.

Porque o Siqueira é emprestado e provavelmente vai-se embora, Sílvio idem, Garay vendido no fim da época. Resta Luisão com 34 anos…e  Maxi Pereira com 31 anos e já sem o fulgor de outros tempos. Ou seja, na próxima época voltamos a estar com uma defesa em cacos como se verificava no início desta época e para qualquer treinador é uma dor de cabeça para os novos jogadores aprenderem os processos defensivos da equipa, isto para o Jesus ou seja qualquer outro, e quando a defesa acertar o passo, muito provavelmente, já meia época terá passado, tal e qual como foi esta época. A diferença desta época para as três últimas foi o fcp estar uns patamares abaixo. Não se esqueçam que no início, eles tiveram cinco pontos de vantagem sobre nós.

“Ataque ganha jogos, defesa ganha campeonatos.”


- Ilusões e vãs esperanças.

O Benfica somos nós, sócios e adeptos. É da nossa responsabilidade não embandeirar em arco para não acontecer o mesmo que aconteceu na época passada. O Sonho tornou-se no pesadelo. Foi a fé quase cega que acabou por nos cegar. Deixem-se de reservados, do “basta 4 vitórias para garantir”, é para ganhar sempre, somos o Benfica. Do céu ao inferno, basta um pequeno deslize. Não podemos pedir aos outros aquilo que nós próprios não cumprimos. Porque somos o Benfica. É fácil deixarmo-nos cair em tentação mas já tivemos lições, de uma absoluta crueldade: é para não repetir.

Porque o Benfica somos nós.





segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A exigência



A exigência

Como referi na crónica anterior, o propósito do blogue mudou. Antes de mais é um desabafo sobre o mal que o clube enfrenta e o mal que o próprio clube possui e faz.

A primeira parte é algo que só se combate quando o mal dentro do clube e o mal que o clube comete é apagado.

Sim, se eu digo que o Benfica possui um mal, um tumor, um cancro, o que queiram chamar, a prova está nos títulos desportivos futebolísticos que o Benfica tem ganho nos últimos anos: são esporádicos em vez de serem sistemáticos.

São produto da circunstância exterior ao invés de planeamento: o campeonato 2004/2005 é a prova sistemática de como o clube ganhou esse campeonato com o menor  número de pontos alguma vez alcançado por qualquer clube. Os dois últimos campeonatos ganhos pelo clube foram ganhos à última jornada, sempre de coração nas mãos.

Quando esta situação se repete sem que haja análise mais profundas por parte da direcção sobre essa situação, cabe aos sócios e adeptos perguntar o porque da situação: as arbitragens? Os jogadores? Modelo de jogo? Equipa técnica? O treinador? O presidente?

Como referi anteriormente primeiro tem de ser diagnosticar o que clube faz de mal e só então depois pensa-se no mundo lá fora.

È muito fácil pensar que a culpa é dos outros: é um alívio para a nossa alma, quase um descartar da nossa responsabilidade como sócios ou adeptos e atribuir a culpa a alguém, a um rosto que facilmente podemos odiar.

Mas a realidade é dura e provoca dor. Se olharmos aos últimos, exceptuando os anos dos campeonatos ganhos, a competitividade do Benfica é manifestamente baixa, não só a nível interno como também a nível europeu. Sim houve alguns momentos razoáveis mas tal como os campeonatos ganhos, foram produtos de circunstância em vez de serem sistemáticos.

Portanto o primeiro mal é nosso. È a nossa mentalidade que tem de mudar e forçar os nossos dirigentes a mudar, seja Luís Filipe Vieira seja qualquer outro.

Aquilo que quero referir sobre Luís Filipe Vieira é o seguinte: antes de mais, ele é um político e como ele foram todos os outros ex-presidentes de que me lembro, seja o Vale e Azevedo, Jorge de Brito, Manuel Damásio, Manuel Vilarinho, todos eles vieram sempre com promessas.

È a promessa da formação, é o Benfica demolidor, é Benfica europeu etc,etc,etc…

Promessas não trazem títulos, trazem sim sonhos que facilmente se transformam em pesadelos.


E seja Luís Filipe Vieira ou qualquer outro candidato à presidência do clube no futuro que venha com o mesmo tipo de discurso, facilmente o clube degenera e perde o seu valor.

Por norma e para evitar os ditos pesadelos, nós benfiquistas devemos ser cépticos.

Devemos questionar porque se vendem jogadores titulares a meio da época desportiva, como estão as contas do clube, quais os métodos de prospecção, modelos de jogo… 

Se nós mudarmos a nossa mentalidade e deixarmos de acreditar em vãs promessas, então os nossos dirigentes serão forçados a mudar se pretenderem continuar no clube porque virão outros para ocupar o seu lugar.

Chama-se a isso exigência.


Devemos isso a nós próprios, devemos isso ao Sport Lisboa e Benfica.  

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Motivo



De certa forma, já tinha abandonado a ideia de um blogue para exprimir e aglomerar sensibilidades benfiquistas porque é um projecto de consumo elevado do meu tempo ao qual muito provavelmente não faria jus aquilo que o Benfica representa e sobretudo necessita.

A morte física de Eusébio (morre o homem, nasce a lenda) e todo o que senti ao ver as imagens televisivas e a minha ida ao estádio diante o cumprimento do último desejo de Eusébio, prestando a minha humilde homenagem a um dos maiores futebolistas de sempre, revelou-se numa vontade e num epifania benfiquista de servir novamente o clube.

Vou ser honesto: o propósito do blogue mudou. Passará a ser, no seu sentido mais abstracto, uma forma de exprimir a minha opinião sobre aquilo que deverá ser o futuro do clube e a forma como o Benfica deverá atingir novamente a hegemonia do futebol português como já aconteceu.

Vou ser politicamente incorrecto: a morte de Eusébio vai obrigar o clube, que somos nós, a olhar mais para o futuro e menos para o passado. Os grilhões do passado ainda aprisionam o clube devido ao passado glorioso que teve, apenas alcançado por alguns clubes europeus. Esse mesmo passado que nos tolda a lógica e o raciocínio de novamente atingir o mesmo nível de sucesso desses tempos, saltando diversas etapas necessárias para alcançar o Olimpo.

Esse desejo que nos tolda a lógica e o raciocino é o mesmo que nos leva a creditar nas eternas promessas dos dirigentes benfiquistas ao longo dos últimos 25 anos e tem levado o clube a prestações miseráveis e hipotecar sucessivamente o futuro. Sim, até afirmo e considero que estamos melhores mas isso não chega. Falta dar o salto.

Acreditar menos no destino e mais na nossa capacidade de análise, de entrega ao servir o clube, definir caminhos de modo a ombrear com os grandes da Europa.

E isso depende de nós, elevar a bitola, sermos mais exigentes. Se formos mais exigentes, obrigamos a quem nos governa, ser também eles, mais exigentes.

Obrigará a ser Vieira a ser mais exigente, mais preocupado com o destino do Benfica ou qualquer outro futuro dirigente do clube.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Introspecção



Resolvi esperar algum tempo sobre a forma de como tudo aconteceu no Benfica no espaço de 30 dias.

Recuemos esse tempo: 1º no campeonato, final da taça, e final da Liga Europa. Como referi, teríamos de recuar à época de 82-83, na 1ª vinda do Eriksson, precisamente há 30 anos para encontrar algo assim. 

Mas o futebol é cruel, sem dúvida: o seu veneno percorre ainda agora nas veias benfiquistas de todos nós. Golos nos descontos, auto-golos, etc, tudo daquilo que não há memoria na história do Benfica.
Azar? Má Sorte? Infelicidade?

A equipa do Benfica fraquejou naquilo que foi considerado como jogos decisivos: culpa do Jesus? 

Pergunto que culpa tem o treinador quando não lha são dadas soluções para o plantel?

Ah mas nunca se investiu tanto €€€ em jogadores como na era Jesus…

Sim, 20 milhões para Ola John e Salvio…e lateral esquerdo? Lateral Direito? Um médio defensivo?

Porque jogar com André Almeida a lateral esquerdo num final? Há soluções alternativas? Um Melgarejo? 

Adaptação… Luisinho? Sempre a enterrar…

Matic? Adaptação. Enzo Perez? Adaptação.

Mas que raio, então afinal o plantel era bom e andamos com adaptações?

Sim andamos e isto acontece porque a dita “estrutura” que existe hoje em dia no Benfica, não planeia o plantel da equipa NÃO numa perspectiva de sucesso desportivo mas sim, numa perspectiva de sucesso económico, ou seja, maximização de lucros e se com isso acontecer o sucesso desportivo, tanto melhor.
Quem estiver atento às contratações do Benfica dos últimos anos, repara de forma quase imediata que são contratados jogadores com pendor ofensivo em quantidade muito acima daquilo que é preciso face aos jogadores de características defensivas. Porque? Porque conseguem ser vendidos a preço muito mais altos, que digamos, um defesa central.

Não?

Di Maria? 37 milhões

Witsel? 40 milhões

Comparem a um Javi Garcia que rendeu apenas 22 milhões. Percebem?

A base de contratações acontece numa perspectiva económica em vez de tentar obter primeiro o sucesso desportivo. Mas para isso, é preciso um treinador que consiga potenciar jogadores ao mesmo tempo que permita ter algum sucesso desportivo, ou seja, face ao panorama actual, que tenha entrada directa na Liga dos Campeões.
Jesus tem sido esse treinador, que permite isso e consegue quase, repito quase ganhar campeonatos mas que falha invariavelmente falha porque não tem uma estrutura à altura dos acontecimentos, ou que tem outro tipo de vertente, a tal vertente económica.
Portanto, a construção de uma equipa de futebol é feita a partir do telhado, ou seja pelo ataque, em vez de começar pela defesa, que é o alicerce de qualquer equipa. A regra básica do futebol na construção de uma equipa é feita a partir da defesa.

E aqui, a culpa, caros senhores e senhoras, a culpa é do presidente, Luís Filipe Vieira.

Caros benfiquistas, os números não mentem: 12 anos, 2 campeonatos, inédito na história do Benfica. Nenhum presidente esteve tempo tanto tempo no clube a ganhar tanto pouco: o presidente dos “300.00 sócios ou demito-me”, ou o presidente do “mandato desportivo”, ou definitivamente será o presidente dos “3+1+50”.

Não adianta ter mudar o treinador se a politica da estrutura ou mesmo a estrutura em si, não mudar. Por outras palavras, em tempo de Vieira, tivemos Camacho, Trapatonni, Koeman, Fernando Santos, Camacho novamente, Quique Flores e agora Jorge Jesus (fora os interinos desta vida e outra).
Com excepção de Trapatonni e Jesus, todos os outros falharam e Trapatonni quis sair, com justificações de âmbito familar mas passado algum tempo estava noutro clube a treinar. Talvez percebesse que não iria durar muito.

E Jesus? Uma vítima das circunstâncias e da sua própria soberba, sim porque também tem as suas culpas no cartório mas são quase irrelevantes perante os erros da uma direcção que preside vai para 12 anos. Para quem ainda tem duvidas, 12 anos, 2 campeonatos.

Quando é assim, não pode ser o treinador a levar com as culpas, é de quem perpetua um sistema no qual o Benfica perde, não vence. Se queremos um Benfica a ganhar campeonatos de forma regular, então a politica tem de mudar, ou seja a direcção tem de mudar.

Sim, porque se 12 anos não chegaram até agora para s actuais dirigentes mudar de politica,, então podemos estar mais 12 anos que tudo irá continuar na mesma, até chegar ao ponto dos andrades nos ultrapassarem em termos de campeonatos e taças. Falo em termos de futebol mas lentamente, o problema começa a ser transversal. Hóquei, andebol e futsal começam a sofrer do mesmo problema, de uma direcção que começa a perder o controlo da situação e está a permitir, por exemplo, ao Sporting a fazer história em termos de futsal.

As poucas mudanças feitas em termos de estrutura ao longo dos anos, foram quase cosméticas, para inglês ver, quando sofremos do mesmo problema: continuamos com os contentores de jogadores, Benfica A, Benfica B e ainda os jogadores emprestados que permitem formar um Benfica C, a defesa dos interesses do Benfica na liga e na arbitragem, etc, etc. 

Só para se ter uma ideia do que falo eis um exemplo: Bruno Paixão foi arbitro do Gil Vicente- andrades no qual os andrades perderam por 3-1, jogo no qual Bruno Paixão foi contestado de forma veemente pelos andrades. Resultado: nunca mais arbitrou jogos dos andrades. Nós? Contestámos o jogo com os andrades que perdemos por 2-3,, arbitrado po Pedro Proença, na época passada e esta época, já fomos arbitrados por Pedro Proença por duas vezes, com o Nacional com o rsultado que se viu e novamente frente aos andrades, nas antas. Outro exemplo: António Carraça é director desportivo mas praticamente nunca vi e ouvi declarações em público. Ainda agora, na taça de Portugal, foi Rui Costa a comparecer em público. Mas Rui Costa não é um dos administradores da SAD? Supostamente quem deveria estar na conferência de imprensa, deveria estar o director desportivo.

Os jogos ganhos dentro de campo devem ser acompanhados também fora de campo para assegurar que situações como Proença e afins, não se sucedam e isso caros benfiquistas, está nas mãos da direcção. Com isto quero afirmar que devemos assegurar a justiça nas arbitragens, não controlá-las. São semânticas bem diferentes.
 
Portanto, em jeito de conclusão podem mudar treinador 150 vezes que o resultado invariavelmente será o mesmo. Talvez haja a felicidade dos andrades terem um mau campeonato e assim ganhamos um campeonato, de 5 em 5 anos.

 Repito, 12 anos de uma direcção, 2 campeonatos. Os números são como o algodão, não enganam.