A exigência
Como referi na crónica
anterior, o propósito do blogue mudou. Antes de mais é um desabafo sobre o mal
que o clube enfrenta e o mal que o próprio clube possui e faz.
A primeira parte é algo
que só se combate quando o mal dentro do clube e o mal que o clube comete é
apagado.
Sim, se eu digo que o
Benfica possui um mal, um tumor, um cancro, o que queiram chamar, a prova está
nos títulos desportivos futebolísticos que o Benfica tem ganho nos últimos
anos: são esporádicos em vez de serem sistemáticos.
São produto da
circunstância exterior ao invés de planeamento: o campeonato 2004/2005 é a
prova sistemática de como o clube ganhou esse campeonato com o menor número de pontos alguma vez alcançado por
qualquer clube. Os dois últimos campeonatos ganhos pelo clube foram ganhos à
última jornada, sempre de coração nas mãos.
Quando esta situação se
repete sem que haja análise mais profundas por parte da direcção sobre essa
situação, cabe aos sócios e adeptos perguntar o porque da situação: as
arbitragens? Os jogadores? Modelo de jogo? Equipa técnica? O treinador? O
presidente?
Como referi anteriormente
primeiro tem de ser diagnosticar o que clube faz de mal e só então depois
pensa-se no mundo lá fora.
È muito fácil pensar que a
culpa é dos outros: é um alívio para a nossa alma, quase um descartar da nossa
responsabilidade como sócios ou adeptos e atribuir a culpa a alguém, a um rosto
que facilmente podemos odiar.
Mas a realidade é dura e
provoca dor. Se olharmos aos últimos, exceptuando os anos dos campeonatos
ganhos, a competitividade do Benfica é manifestamente baixa, não só a nível
interno como também a nível europeu. Sim houve alguns momentos razoáveis mas
tal como os campeonatos ganhos, foram produtos de circunstância em vez de serem
sistemáticos.
Portanto o primeiro mal é
nosso. È a nossa mentalidade que tem de mudar e forçar os nossos dirigentes a
mudar, seja Luís Filipe Vieira seja qualquer outro.
Aquilo que quero referir
sobre Luís Filipe Vieira é o seguinte: antes de mais, ele é um político e como
ele foram todos os outros ex-presidentes de que me lembro, seja o Vale e
Azevedo, Jorge de Brito, Manuel Damásio, Manuel Vilarinho, todos eles vieram sempre
com promessas.
È a promessa da formação,
é o Benfica demolidor, é Benfica europeu etc,etc,etc…
Promessas não trazem
títulos, trazem sim sonhos que facilmente se transformam em pesadelos.
E seja Luís Filipe Vieira
ou qualquer outro candidato à presidência do clube no futuro que venha com o
mesmo tipo de discurso, facilmente o clube degenera e perde o seu valor.
Por norma e para evitar os
ditos pesadelos, nós benfiquistas devemos ser cépticos.
Devemos questionar porque
se vendem jogadores titulares a meio da época desportiva, como estão as contas
do clube, quais os métodos de prospecção, modelos de jogo…
Se nós mudarmos a nossa
mentalidade e deixarmos de acreditar em vãs promessas, então os nossos
dirigentes serão forçados a mudar se pretenderem continuar no clube porque
virão outros para ocupar o seu lugar.
Chama-se a isso exigência.
Devemos isso a nós
próprios, devemos isso ao Sport Lisboa e Benfica.