De certa forma, já tinha
abandonado a ideia de um blogue para exprimir e aglomerar sensibilidades
benfiquistas porque é um projecto de consumo elevado do meu tempo ao qual muito
provavelmente não faria jus aquilo que o Benfica representa e sobretudo necessita.
A morte física de Eusébio
(morre o homem, nasce a lenda) e todo o que senti ao ver as imagens televisivas
e a minha ida ao estádio diante o cumprimento do último desejo de Eusébio,
prestando a minha humilde homenagem a um dos maiores futebolistas de sempre,
revelou-se numa vontade e num epifania benfiquista de servir novamente o clube.
Vou ser honesto: o
propósito do blogue mudou. Passará a ser, no seu sentido mais abstracto, uma
forma de exprimir a minha opinião sobre aquilo que deverá ser o futuro do clube
e a forma como o Benfica deverá atingir novamente a hegemonia do futebol
português como já aconteceu.
Vou ser politicamente
incorrecto: a morte de Eusébio vai obrigar o clube, que somos nós, a olhar mais
para o futuro e menos para o passado. Os grilhões do passado ainda aprisionam o
clube devido ao passado glorioso que teve, apenas alcançado por alguns clubes
europeus. Esse mesmo passado que nos tolda a lógica e o raciocínio de novamente
atingir o mesmo nível de sucesso desses tempos, saltando diversas etapas
necessárias para alcançar o Olimpo.
Esse desejo que nos tolda
a lógica e o raciocino é o mesmo que nos leva a creditar nas eternas promessas
dos dirigentes benfiquistas ao longo dos últimos 25 anos e tem levado o clube a
prestações miseráveis e hipotecar sucessivamente o futuro. Sim, até afirmo e
considero que estamos melhores mas isso não chega. Falta dar o salto.
Acreditar menos no destino
e mais na nossa capacidade de análise, de entrega ao servir o clube, definir
caminhos de modo a ombrear com os grandes da Europa.
E isso depende de nós,
elevar a bitola, sermos mais exigentes. Se formos mais exigentes, obrigamos a
quem nos governa, ser também eles, mais exigentes.
Obrigará a ser Vieira a
ser mais exigente, mais preocupado com o destino do Benfica ou qualquer outro
futuro dirigente do clube.