Os males que afectam o
Benfica já há algum ou até há muito tempo tiveram de ser diagnosticados para perceber o que
deve ser corrigido e o que deve ser mantido (sim porque apesar de tudo, nem
tudo é mau).
Olhando para a história e para os números e só apenas para nós e da memória que eu tenho, deu para perceber o que está errado e o que precisa de mudar: deve-se olhar para o nosso passado de duas formas. Uma, a nostalgica a recordar grandes alegrias e a outra, a observadora, a crítica, para procurar os erros que se cometeram e não se podem repetir porque quem esquece os erros do passado, está destinado a comete-los no futuro.
- Disciplina
No que toca a este tema, o
clube ainda está anos luz daquilo que é desejável: não é que os outros sejam
melhores mas no Benfica, os casos são sobejamente conhecidos. O empurrão do
Cardozo ao treinador, a novela Enzo Perez, o próprio Jorge Jesus em mais do que
um episódio e sobretudo tudo o que passou no inicio desta época é uma lembrança
constante da indisciplina que afecta o clube: não é uma questão de aparência ou
até mesmo de respeito pela instituição e seus sócios e adeptos. È sobretudo uma
questão de eficiência: Quando existem regras rígidas, uma hierarquia, uma
estrutura de comando, cada um sabe o seu papel e muito provavelmente irá
desempenhar com mais eficiência o papel que lhe foi atribuído porque se sabe
por linhas de cose…No Benfica, não é essa a percepção que tenho: porque o Jesus
gosta de armar-se em manager à inglesa quando ele próprio tem limitações como
treinador e às vezes faz o que não deve, porque o Luisão mandou à merda os
adeptos, porque os jogadores fizeram birrinha no início da época para ver se o
treinador era despachado… isto só esta época e não tenho que falar em épocas
anteriores ou é preciso continuar?
- Continuidade
Um dos processos
fundamentais do Benfica demolidor da década de 60 foi a continuidade. Não digo
estabilidade, mas sim continuidade: qualquer jogador da primeira equipa daquela
época fazia entre 5 a
10 épocas no clube: Coluna, Eusébio, Simões, Águas, Torres entre outros. Era
importante sobretudo pela forma como novos jogadores eram encaminhados, a serem
integrados pelos jogadores mais velhos. Havia uma cadeia de interacções que
revelava interacção, integração, comando. Era assim que passava a chamada
mística. Águas e Coluna passavam a Eusébio e Simões que por sua vez passavam a
Toni e Humberto Coelho que por sua vez passaram a outros. Nos dias de hoje? Só
para se ter uma noção, da ultima equipa campeã, actualmente restam Luisão, Maxi
Pereira, Ruben Amorim, Carlos Martins e Urreta e desses os dois últimos andam
perdidos na equipa B e Ruben Amorim regressou após um período de exílio de 2
anos. Apenas num período de 4 anos, apenas restam 3 jogadores que
frequentemente jogam na equipa principal.
E já sei o que estão a
pensar… Actualmente, com os diversos tubarões europeus entre os quais, os
novos-ricos (Manchester City, Chelsea, PSG, entre os principais) ou até mesmo
outros clubes que estão em campeonatos que oferecerem melhores condições
económicas o que torna muito difícil executar a desejada continuidade.
Daí eu defender que a
continuidade aposta-se, dentro do possível nos defesas: por norma, os defesas
são sempre mais discretos , médios e avançados serão sempre mais cobiçados,
para além da velha máxima do futebol em que ataques ganham jogos mas defesas
ganham campeonatos. E como por norma, os ordenados de defesas são inferiores a
avançados e médios, então torna-se mais fácil segurar esses jogadores mesmo que
a longo prazo, implique que sejam dos jogadores melhor pagos do plantel.
- Politica de contratações
“Milhões para o ataque,
tostões para a defesa” – Nenhum, repito, nenhum pode almejar vencer de forma
sistemática se não tiver uma defesa sólida. Temos uma defesa sólida? Não.
Porque o Siqueira é
emprestado e provavelmente vai-se embora, Sílvio idem, Garay vendido no fim da
época. Resta Luisão com 34 anos…e Maxi
Pereira com 31 anos e já sem o fulgor de outros tempos. Ou seja, na próxima
época voltamos a estar com uma defesa em cacos como se verificava no início
desta época e para qualquer treinador é uma dor de cabeça para os novos
jogadores aprenderem os processos defensivos da equipa, isto para o Jesus ou
seja qualquer outro, e quando a defesa acertar o passo, muito provavelmente, já
meia época terá passado, tal e qual como foi esta época. A diferença desta
época para as três últimas foi o fcp estar uns patamares abaixo. Não se
esqueçam que no início, eles tiveram cinco pontos de vantagem sobre nós.
“Ataque ganha jogos,
defesa ganha campeonatos.”
- Ilusões e vãs
esperanças.
O Benfica somos nós,
sócios e adeptos. É da nossa responsabilidade não embandeirar em arco para não
acontecer o mesmo que aconteceu na época passada. O Sonho tornou-se no
pesadelo. Foi a fé quase cega que acabou por nos cegar. Deixem-se de reservados, do “basta 4 vitórias para garantir”, é para
ganhar sempre, somos o Benfica. Do céu ao inferno, basta um pequeno deslize. Não
podemos pedir aos outros aquilo que nós próprios não cumprimos. Porque somos o
Benfica. É fácil deixarmo-nos cair em tentação mas já tivemos lições, de uma
absoluta crueldade: é para não repetir.
Porque o Benfica somos
nós.
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