terça-feira, 16 de abril de 2013

O céu e o inferno, Jesus e a renovação



Goste-se ou não, Jorge Jesus tornou-se no treinador mais pragmático do Benfica desde Eriksson, o que diz muito, ao contrário do que possa pensar.

Muitos dirão: não é difícil tendo em conta que a pior fase do Benfica regista-se sensivelmente nos últimos 20 anos.

Neste momento com o primeiro lugar no campeonato, final da Taça de Portugal e meias-finais de uma competição europeia, Liga Europa, nós temos que recuar até à distante época de 82/83 para encontrar semelhante feito, na primeira vinda de Eriksson para o Benfica.

O céu está tão perto e no entanto, um pequeno deslize e estamos no inferno.

Para todos os efeitos, o meio termo será muito subjectivo dada a forma de como se encontra o Benfica neste momento: tudo é possível mas nada temos. Tudo ou nada, 8 ou 80, céu ou inferno.

Para nós benfiquistas e para Jorge Jesus, como técnico.

O que dizer se nada ganharmos?

O quer dizer se ganhamos apenas uma competição?

Duas?

E o triplete?

De facto, Até para Jesus e o saldo no Benfica, esta época pode ser determinante. Senão vejamos…
Em três épocas: um campeonato e três taças da liga. Pouco? Provavelmente mas o que dizer de um clube que pré-Jesus, simplesmente tinha um campeonato ganho, em 2003/2004 e antes disso, 1993/1994, isto no Benfica das trevas e devo dizer que o campeonato de 2003/2004 foi sorte, sim sorte, porque a Coreia do norte vivia a ressaca pós-Mourinho e o campo grande estava num patamar ligeiramente superior mas treinado por Peseiro. Na altura Trapattoni, pegava numa equipa e fez um onze, mediante as poucas possibilidades que tinha.

O campeonato de 2009/10 ganho por Jesus fora o primeiro desde 93/94 a ser ganho de forma indiscutível: o melhor ataque e a melhor defesa.

10/11: o pior arranque de sempre do Benfica e os andrades a ganharem o campeonato na Luz, eliminando mas meias-finais por braga. Devo recordar apenas o arranque inicial miserável do Benfica com 8 amarelos, sim 8, que o Benfica teve no jogo com o Guimarães, entre outra s peripécias típicas do futebol português, logo nas primeiras jornadas. Rapidamente o Benfica ficou arredado da luta pelo título.

11/12:O problema da época anterior foi o facto de em momento decisivo, haver uma penalidade convertida em falta ofensiva em Coimbra e o golo dos andrades em fora-jogo, no embate com Benfica em pleno estádio da Luz a dar a vitória aos andrades. Provavelmente estaria aqui mais 4 pontos para o Benfica e 2 para os andrades, isto só para falar nestes dois jogos. O único jogo no qual achei que Jesus se espalhou ao comprido foi com o vitória de Guimarães, encetando a primeira derrota para o Benfica nessa época.
Mas Jesus soube evoluir, de forma lenta, é um facto, mas evoluiu: o único problema de Jesus, é Jesus ser um homem que vive fundamentalmente da experiência que possui e por vezes é apanhado em contra-pé quando algum jogo lhe foge da sua experiência e isso nota-se sobretudo nas competições europeias:
Liverpool –Benfica 4-1  (09/10)
Benfica – Lyon  4-3        (10/11)
Schalke 04 – Benfica 2-0  (10/11)
Lyon – Benfica 2-0             (10/11)
Benfica – Chelsea 0-1       (11/12)

Os jogos deste época, a experiência veio mais ao de cima e não nos mantemos na L.C simplesmente porque as saídas de Witsel e Javi ainda estavam a fazer ressentir o plantel. 

Mas curiosamente o Benfica nunca atingiu durante 4 anos seguidos a ida a pelo menos aos quartos de final de uma competição europeia, o que apesar de tudo ainda nos diz a consistência do Benfica.
Ao nível do campeonato, a consistência é enorme com 21 vitórias e 4 empates, sem derrotas: noutras edições da liga, o Benfica já seria campeão nesta altura. E na minha opinião, só não faz melhor porque Vieira não deixa: Javi saiu sem haver uma opção de raiz e com Witsel não havia muito para fazer ao ser accionada a cláusula de rescisão dos 40M.

Alheio um pouco ou talvez sujeito aos negócios do futebol, Jesus soube reinventar a equipa sem duas das peças fundamentais do plantel. Hoje, Matic substituiu Javi e Witsel foi substituído por Enzo Perez.
Sim, houve os Emersons e os Robertos mas que moral tem o Benfica quando chegou a ter Bossio, Bermudez, Pringle, Michael Thomas entre muitas outras pérolas?  

Sim, o Jesus, o técnico consegue ser teimoso, mas é uma boa teimosia: ele percebe de futebol, tem a sua experiência e aprende com os erros e com o seu quarto ano, temos a experiência, sabedoria e a estabilidade de Jesus e isso não pode ser deitado fora. Devo lembrar que o Benfica tem que lutar pelo seu lugar de direito mas tem de contar com os andrades que dão cartas e continuaram a dar cartas nos próximos anos, embora o valor dessas cartas comece a esbater. Não importa, o Benfica necessita de lutar, pressionar e é com Jesus que deve faze-lo. 

Com isto, nesta altura da época em podemos aspirar a muito mas temos zero, é certo. No entanto preparemos o futuro do Benfica com Jesus. Afinal Alex Ferguson esteve os primeiros quatro anos no Manchester United sem nada ganhar e hoje em dia, é o que se sabe.

Conclusão: O Benfica já arriscou e ganhou mas também já arriscou e perdeu. Arriscou e ganhou com Bela Guttman ou com Eriksson. E já arriscou e perdeu muito mais vezes. A questão é a seguinte: das vezes que o Benfica arriscou e ganhou, tinha espaço de manobra e estava por cima. Actualmente, ainda não está: repito, ainda não. Falta um pouco e isso será com Jesus. Um Benfica deste nível é difícil de arranjar. A renovação de Jesus não é essencial mas é definitivamente a aposta segura.

sábado, 6 de abril de 2013

Coincidências...




Leram bem?

A juntar isto, temos o arbitro Pedro Proença a arbitrar o fcp-sc braga

Arbitro Hugo Miguel no encontro S.C. Olhanense - S.L. Benfica, o mesmo que converteu aquilo que seria penalty sobre Pablo Aimar no jogo entre academica - Benfica da época 2011/2012, numa falta ofensiva, num jogo que terminou empatado.

As coincidências são demasiadas ou por outra, eu não acredito em coincidências. 


A margem de erro para o Benfica é ZERO.



quinta-feira, 4 de abril de 2013

Televisão: mal dos nossos pecados?

 

Este vídeo, foi uma polémica que rapidamente foi abafada, esquecida mas muito importante para este artigo que vos escrevo: os direitos televisivos do Sport Lisboa e Benfica.

Sensivelmente em fins de Fevereiro, a bomba foi anunciada: A Benfica tv tinha conseguido os direitos de transmissão da liga inglesa, por muitos, considerada a liga mais competitiva do mundo. Vale o que vale mas a fama é certa ao ponto da Sportv ter um canal exclusivo só para liga inglesa.
Muitos consideram como sendo genial, outros questionaram-na em virtude da Benfica TV não estar 100% direccionada para o Benfica.
Eu considero como sendo algo de necessário para não dizer essencial.

Revejam o vídeo: António Oliveira é peremptório ao afirmar que a Oliverdesportos controla o futebol português. Influenciou inclusive a decisão de tornar o próprio António Oliveira como seleccionador nacional.

Direi essencial a jogada da Benfica tv em adquirir direitos da liga inglesa tendo em conta o que António Oliveira disse: Se a Oliverdesportos controla o futebol português, então pretende controlar o Benfica também como já controlou em tempos através de diversos mecanismos.

A ideia será pagar o mínimo possível e maximizar lucros, através de audiências: os clubes são reféns da Oliverdesportos como o Benfica já foi: 8 milhões de euros pelos direitos televisivos do SLB? Boa anedota mas qualquer humorista já sabe dessa.

E com isto significa que a Oliverdesportos, querendo controlar o futebol português e fazendo com alguma mestria, vê no Benfica como o único clube que consegue de alguma forma quebrar/vencer o seu domínio devido à sua dimensão e então, a única forma de o tentar controlar é fazer o Benfica perder campeonatos e taças, deixando-o adormecido.

Não? Na mesma entrevista, António Oliveira refere que o SLB tem uma dimensão superior a fcp e scp juntos e isto revela-se um problema para quem pretende controlar o futebol. O Benfica é o problema e o sustento da Oliverdesportos. Senão veja-se a infame clausula que o fcp teria 80% das receitas que o Benfica teria caso se revelidasse com a Oliverdesportos e certo é que haveria margem para isso. O fcp surgiu como naturalmente beneficiário pela longa amizade entre Joaquim Oliveira e um certo presidente com quase 30 anos de casa.

Como a vasta maioria, senão todos, possuem carências financeiras, os clubes são facilmente explorados pela Oliverdesportos, referido por António Oliveira ao dizer claramente que sabia quem iria ganhar a eleição para presidente da Liga, a título de exemplo. 

Ou da mesma forma que na época passada, o Sporting nas meias-finais na Taça de Portugal contra o Nacional foi claramente beneficiado: afinal que audiências iria trazer um Nacional-Académica? Residuais…

Foi isto que Vieira talvez tivesse percebido ao fim de tanto tempo: a única forma de combater o sistema é simplesmente através do dinheiro, não pelos tribunais, não pela tentativa de fazer parte desse mesmo sistema. 10 anos depois, o apito dourado foi inconsequente e o sistema continua vivo e pretende controlar o Benfica, não beneficiá-lo.

Ingenuamente, os dossiers que Vieira levou para a procuradoria-geral da república deram numa mão cheia de nada e a seguir Vieira pensou que eventualmente não afrontado a Olivedesportos e até ganhar alguma influência, seria possível que o Benfica voltasse a não ser prejudicado. De mãos e pés atados a derradeira solução surgiu relativamente há pouco tempo. Esta necessidade de romper com a Oliverdesportos  acabou por aparecer pelo facto de Vieira ter-se encontrado em ano de eleições e talvez pela primeira vez em muito tempo, com oposição real e a espreitar a oportunidade para derrubá-lo. O Benfica pela primeira vez na sua história, deixara fugir um campeonato, um sabor amargo para nós todos. Vieira sabia disso, isto no mandato desportivo que ele tanto falou nas eleições anteriores. E eis que aparece o trunfo eleitoral: a não renovação com a Oliverdesportos.

E com isto, Vieira foi forçado a dar um passo atrás para talvez agora, dar dois passos em frente: A sportv perde assinantes benfiquistas com esta medida mas talvez isso não chegasse. 15 jogos do Benfica são manifestamente pouco para um canal com o qual os benfiquistas sentissem a necessidade de mudança. E isso só possível se o Benfica conseguir fazê-lo não só com os jogos do Benfica e Benfica B em casa mas com outros campeonatos, tirando o pão da boca da Oliverdesportos, ganhando provavelmente todos os assinantes benfiquistas e isso poderá ser fundamental para o Benfica.

O sistema sai enfraquecido, não de uma forma mortal mas claramente enfraquecido e a próxima jogada para o Benfica será talvez a Liga espanhola ou a italiana e quiçá, a derradeira oportunidade passará por comprar os jogos que o Benfica disputa fora para o campeonato e em vez de 15 jogos, podemos passar a ter entre os 20 e os 23/24 jogos transmitidos pela Benfica TV.


 Obviamente tudo isto é um exercício especulativo: não tenho fontes e não tenho contactos. Mas a entrevista de António Oliveira à RTP nunca foi desmentida ou sequer alvo de processo judicial. Dá que pensar, não?