terça-feira, 25 de março de 2014

Os males que nos afectam



Os males que afectam o Benfica já há algum ou até há muito tempo tiveram de ser diagnosticados para perceber o que deve ser corrigido e o que deve ser mantido (sim porque apesar de tudo, nem tudo é mau).

Olhando para a história e para os números e só apenas para nós e da memória que eu tenho, deu para perceber o que está errado e o que precisa de mudar: deve-se olhar para o nosso passado de duas formas. Uma, a nostalgica a recordar grandes alegrias e a outra, a observadora, a crítica, para procurar os erros que se cometeram e não se podem repetir porque quem esquece os erros do passado, está destinado a comete-los no futuro.


- Disciplina

No que toca a este tema, o clube ainda está anos luz daquilo que é desejável: não é que os outros sejam melhores mas no Benfica, os casos são sobejamente conhecidos. O empurrão do Cardozo ao treinador, a novela Enzo Perez, o próprio Jorge Jesus em mais do que um episódio e sobretudo tudo o que passou no inicio desta época é uma lembrança constante da indisciplina que afecta o clube: não é uma questão de aparência ou até mesmo de respeito pela instituição e seus sócios e adeptos. È sobretudo uma questão de eficiência: Quando existem regras rígidas, uma hierarquia, uma estrutura de comando, cada um sabe o seu papel e muito provavelmente irá desempenhar com mais eficiência o papel que lhe foi atribuído porque se sabe por linhas de cose…No Benfica, não é essa a percepção que tenho: porque o Jesus gosta de armar-se em manager à inglesa quando ele próprio tem limitações como treinador e às vezes faz o que não deve, porque o Luisão mandou à merda os adeptos, porque os jogadores fizeram birrinha no início da época para ver se o treinador era despachado… isto só esta época e não tenho que falar em épocas anteriores ou é preciso continuar?

- Continuidade

Um dos processos fundamentais do Benfica demolidor da década de 60 foi a continuidade. Não digo estabilidade, mas sim continuidade: qualquer jogador da primeira equipa daquela época fazia entre 5 a 10 épocas no clube: Coluna, Eusébio, Simões, Águas, Torres entre outros. Era importante sobretudo pela forma como novos jogadores eram encaminhados, a serem integrados pelos jogadores mais velhos. Havia uma cadeia de interacções que revelava interacção, integração, comando. Era assim que passava a chamada mística. Águas e Coluna passavam a Eusébio e Simões que por sua vez passavam a Toni e Humberto Coelho que por sua vez passaram a outros. Nos dias de hoje? Só para se ter uma noção, da ultima equipa campeã, actualmente restam Luisão, Maxi Pereira, Ruben Amorim, Carlos Martins e Urreta e desses os dois últimos andam perdidos na equipa B e Ruben Amorim regressou após um período de exílio de 2 anos. Apenas num período de 4 anos, apenas restam 3 jogadores que frequentemente jogam na equipa principal.

E já sei o que estão a pensar… Actualmente, com os diversos tubarões europeus entre os quais, os novos-ricos (Manchester City, Chelsea, PSG, entre os principais) ou até mesmo outros clubes que estão em campeonatos que oferecerem melhores condições económicas o que torna muito difícil executar a desejada continuidade.

Daí eu defender que a continuidade aposta-se, dentro do possível nos defesas: por norma, os defesas são sempre mais discretos , médios e avançados serão sempre mais cobiçados, para além da velha máxima do futebol em que ataques ganham jogos mas defesas ganham campeonatos. E como por norma, os ordenados de defesas são inferiores a avançados e médios, então torna-se mais fácil segurar esses jogadores mesmo que a longo prazo, implique que sejam dos jogadores melhor pagos do plantel.


- Politica de contratações

“Milhões para o ataque, tostões para a defesa” – Nenhum, repito, nenhum pode almejar vencer de forma sistemática se não tiver uma defesa sólida. Temos uma defesa sólida? Não.

Porque o Siqueira é emprestado e provavelmente vai-se embora, Sílvio idem, Garay vendido no fim da época. Resta Luisão com 34 anos…e  Maxi Pereira com 31 anos e já sem o fulgor de outros tempos. Ou seja, na próxima época voltamos a estar com uma defesa em cacos como se verificava no início desta época e para qualquer treinador é uma dor de cabeça para os novos jogadores aprenderem os processos defensivos da equipa, isto para o Jesus ou seja qualquer outro, e quando a defesa acertar o passo, muito provavelmente, já meia época terá passado, tal e qual como foi esta época. A diferença desta época para as três últimas foi o fcp estar uns patamares abaixo. Não se esqueçam que no início, eles tiveram cinco pontos de vantagem sobre nós.

“Ataque ganha jogos, defesa ganha campeonatos.”


- Ilusões e vãs esperanças.

O Benfica somos nós, sócios e adeptos. É da nossa responsabilidade não embandeirar em arco para não acontecer o mesmo que aconteceu na época passada. O Sonho tornou-se no pesadelo. Foi a fé quase cega que acabou por nos cegar. Deixem-se de reservados, do “basta 4 vitórias para garantir”, é para ganhar sempre, somos o Benfica. Do céu ao inferno, basta um pequeno deslize. Não podemos pedir aos outros aquilo que nós próprios não cumprimos. Porque somos o Benfica. É fácil deixarmo-nos cair em tentação mas já tivemos lições, de uma absoluta crueldade: é para não repetir.

Porque o Benfica somos nós.